O trauma complexo se refere a um tipo de trauma no qual a pessoa passou por situações de estresse frequentemente por um período prolongado, especialmente nos primeiros 15 anos de vida, causando uma série de alterações no seu desenvolvimento afetivo (emocional) e cognitivo.
Alguns exemplos de traumas complexos são crianças que sofrem abusos constantes durante a infância, mas também crianças que sofreram muita negligência, que tiveram que lidar com pais/ou cuidadores que tinham vícios ou que estavam emocionalmente indisponíveis, entre outros.
Diante de tanto estresse, o indivíduo desenvolve uma série de crenças e comportamentos para se proteger, como o hábito de satisfazer as necessidades dos outros e negligenciar as próprias, ou reprimir sentimentos pois estes não tinham um espaço seguro para serem expressados durante a infância.
A questão é que, na vida adulta, essas crenças e comportamentos perdem sua função e acabam mais prejudicando do que ajudando. Desta forma, a pessoa pode até tentar levar uma vida funcional, mas seus padrões de pensamento e comportamento acabam sabotando seus objetivos.
Ao trabalhar com pacientes de trauma complexo na psicoterapia, primeiro é preciso acolher a dor dessa pessoa em suas vivências traumáticas e ajudá-la no período de aceitação do seu trauma, tendo em vista que muitas vezes as vítimas deste tipo de trauma nem mesmo compreendem sua condição como o que ela realmente é.
Em segundo lugar, a psicoterapia ajuda o indivíduo a flexibilizar crenças e traços de personalidade que surgem como forma de defesa ao longo desses períodos prolongados de tempo em que houve exposição constante às vivências traumáticas.
Assim, o indivíduo passa a conseguir funcionar melhor diante das adversidades, sem recorrer para defesas que não lhe servem mais e que acabam atrapalhando seu funcionamento.